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XENOFOBIA 

Os alunos da 8ª. série, orientados pela professora Érica (Geografia), realizaram uma pesquisa bibliográfica para discutir os problemas religiosos, étnicos, econômicos e das minorias sexuais que existem na sociedade e o professor de História, André Bacci, foi convidado para esclarecer fatos históricos que confirmam:

 XENOFOBIA... NÃO É DE HOJE
Prof. André Bacci

A palavra “xenofobia” é formada a partir da junção das palavras gregas “xenos” (estranho) e “phobia” (medo). Muitas são as manifestações de xenofobia de que temos notícia desde a Antiguidade. Os antigos gregos chamavam os judeus de “esfolados”, em alusão ao hábito da circuncisão, e em alguns países, no início do século XX, não faltaram os protestantes que se referiam aos católicos como “papa-hóstias”. Atualmente, o padrão maniqueísta de pensamento que faz com que grupos sociais se definam apenas quando comparados a outros está cada vez mais em voga. A favor dos rótulos, assassinamos os movimentos legítimos de contracultura. Não pertencemos mais a um grupo porque queremos, senão porque nos posicionamos em oposição a outro grupo. Pessoas que gostam de cães não gostam de gatos, as que gostam de mitologia celta são racistas, as que torcem para o Palmeiras odeiam os corintianos. Nada disso, porém, seria preciso. São apenas débeis mecanismos de auto afirmação utilizados por grupos que, por não encontrarem firmeza em seus próprios argumentos, se definem em oposição a grupos que fizeram outras escolhas.

Se pensarmos que a palavra grega para “escolha” é “heresia”, conseguiremos perceber que os exemplos acima não são tão patéticos quanto parecem ser. Se conseguirmos notar em que intensidade emulamos tais noções em nosso cotidiano, veremos que a Inquisição, os Pogroms e os processos de demonização dos africanos empenhados em nome da unidade política e cultural europeia não são eventos que ficam por conta do passado, senão uma atmosfera a impregnar nossos usos e costumes. Quantos de nós sabemos que o termo “humor negro”, os verbos “denegrir” e “judiar”, a tradição da malhação do Judas e até a lenda do velho do saco são construídas sob os pilares do racismo e da xenofobia? Mas quanto disso é nosso? Quanto disso nos pertence? Somos nós mesmos que demonizamos torcedores do Corinthians, gatos e negros? Ou será que somos depositários de um pensamento eurocêntrico que nossa colônia tardiamente emancipada ainda não conseguiu extirpar? No macro e no micro, na Grécia antiga ou na escola, talvez a pergunta que devemos fazer não é se isso nos pertence, mas o quanto nós pertencemos a isso.

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